Os 105 anos de nossa vitória!
Trotsky em discurso no processo revolucionário. |
Recentemente o supertelescópio James Webb, que vem encantando os apaixonados pelos mistérios do universo, "flagrou" um fenômeno muito peculiar: duas galáxias distantes em 270 milhões de anos-luz da Terra colidindo e criando novas estrelas a uma velocidade estonteante. Este belo acontecimento cósmico, não passa de uma linda imagem do passado, do que já aconteceu há milhões de anos atrás. Mas por sua beleza, e por sua força, não deixa de nos encantar.
O mesmo encantamento ocorre ao olharmos, sob o telescópio da história, o processo que culminou com a tomada do poder pelo Comitê Militar Revolucionário em Outubro de 1917, no atrasado e ainda sob o julgo feudal país chamado Rússia.
O dia 25 de outubro (ou 7 de novembro, por causa do calendário gregoriano) é uma data histórica para todos aqueles que trabalham em salões de beleza, juntam latinhas, recolhem o lixo, atendem em restaurantes, limpam o chão das escolas e entregam comidas nos portões. É também, a maior obra política de sua própria classe.
Com o passar dos anos, no entanto, de comemoração em comemoração, ao que já passou mais de um século, nos vemos mais mofados do que um passado que se mantém cintilante, jovem e vivo. Perdemos a capacidade de influenciar, de termos uma crítica arrebatadora ao que defendemos e nos vimos defendendo nossos próprios inimigos: Maduro, Lula, Ortega, Alckmin, Maia, Sanders, Sarney e até a Rainha Elizabeth II.
A pior homenagem que podemos fazer aos bolcheviques, é continuar na canoa furada em que estamos. A revolução de Outubro não foi um dogma, um processo pronto e perfeito; mas também não o foi um processo sem lições, sem teses e sem muito, muito suor.
Protesto alemão, década de 60. |
Porque se temos elogiado há 105 anos a Revolução de Outubro, na realidade temos feito nestes mesmos 105 anos o oposto dos seus ensinamentos: depois de criado um PCB de cima para baixo que foi entupido de dogmas estabelecidos ao invés de estatutos orgânicos e reais; negociamos com Vargas e Dutra a preço de nada; depois formamos centenas e centenas de militantes através de cursos irreais oriundos do stalinismo, e mesmo nas pequenas organizações que surgiam, não conseguíamos passar de produções inexpressivas que só serviram para que décadas depois, grupos maiores cometessem os mesmos equívocos. O maior exemplo histórico no Brasil, é a fundação de PT e depois do PSOL. Sequer estamos errando de forma diferente, erramos da mesma forma há mais de 100 anos. Esquecendo a crítica e a autocrítica, ocultando desvios e principalmente, enganando somente a nós mesmos. Já passou demais a hora de parar de brincadeira.
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